quarta-feira, 6 de maio de 2009

Estratégia: Orçamentação ou Planeamento?

É uma realidade. Todos os dias somos bombardeados com palavras, termos,adjectivos, verbos, cujos autores querem que passem por conceitos, que entrem no “calão” próprio de cada actividade ou categoria profissional.

A gestão não é excepção!
E, dentro da gestão, de alguns anos a esta parte, o “planeamento estratégico” entrou no calão próprio da profissão, como se referindo a algo muito complexo, intricado e só acessível a alguns iluminados com um MBA de muito prestígio na carteira do capital intelectual.

Mas, se prestarmos atenção, verificamos que não é bem assim.

Alguns académicos de renome – são incontornáveis, o que é que se pode fazer? – caracterizam o planeamento como tendo quatro fases muito características, sequenciais e sem que haja a possibilidade de “saltar” uma delas no processo evolutivo:

A Primeira Fase: Caracteriza-se pelo planeamento financeiro e pode ser encontrada em todas as empresas, independentemente da sua dimensão e complexidade. É, simplesmente, o processo de definição do orçamento anual e sobre o qual é medida a performance da empresa, departamento ou unidade de negócio;

A Segunda Fase: Acontece quando a definição do orçamento anual ultrapassa o horizonte do ano corrente e entra na orçamentação baseada em previsões extrapoladas para dois ou mais anos a partir do plano corrente e caracterizado no ponto anterior. E, aqui, já não encontramos todas as empresas e nem sequer a maioria;

A Terceira Fase: Já começa a ter algumas características de Planeamento Estratégico, no sentido em que o planeamento já está seriamente orientado por análises de tendências de mercado, clientes e concorrência. Ou seja, o planeamento já considera um conjunto de factores externos à organização como determinantes para se orientar e posicionar no médio e longo prazo;

A Quarta Fase: Se encontrar a fase anterior nas empresas não é comum, esta é rara no sentido em que se caracteriza por resultar duma sistematização da análise do contexto onde a empresa se encontra e para onde quer ir, onde a maioria dos factores que estão presentes no planeamento são, de facto, factores externos e determinantes, desde os anteriores a alterações no cenário político onde a empresa e organização está enquadrada ou pretende vir a estar.

O engraçado é que encontramos empresas de pequena dimensão que estão fortemente envolvidas na quarta fase – que caracteriza o verdadeiro Planeamento Estratégico - e empresas de grande dimensão e sucesso que nunca sairam da primeira fase – a da Orçamentação do ano seguinte.

Levanta-se a questão: O que é que é mais útil para as empresas e organizações? Planeamento ou Orçamentação? A propagação e utilização de “boas práticas” de gestão ou escolher as “práticas boas” de gestão que fazem sentido caso a caso?

Muito provavelmete, antes de começarmos a gastar tempo, recursos e dinheiro na aplicação de conceitos como o de “Planeamento Estratégico”, vale a pena pensar nisto.

Bom trabalho!

(
Frederick W. Gluck, Stephen P. Kaufman, e A. Steven Walleck: Thinking Strategically)

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